Depois de
garantir o título de campeã que tirou o jejum de 33 anos da Portela, o
carnavalesco Paulo Barros decidiu deixar a escola de Madureira. Ele anunciou
nesta segunda-feira (6) que, para o próximo carnaval, sua assinatura será dada
ao enredo da Vila Isabel, conforme informou a apresentadora Mariana Gross no
RJTV 1ª edição.
O carnavalesco
disse que "realizou um sonho de criança" e agradeceu o carinho da
nação portelense.
Esta foi a
quarta vez que Paulo Barros foi campeão no Grupo Especial do carnaval carioca –
as outras três vezes foram pela Unidos da Tijuca. A Portela, na qual o
carnavalesco estava pelo segundo ano seguido, levou para a avenida um enredo
que falava sobre os rios. “Quem nunca sentiu o corpo arrepiar ao ver esse rio
passar” foi inspirado em uma composição de um ilustre portelense: "Foi um
rio que passou em minha vida", de Paulinho da Viola.
Reconhecido por
levar inovação à Marquês de Sapucaí, Paulo Barros iniciou sua carreira como
carnavalesco em 1994. Dez anos depois veio a consagração de seu trabalho,
quando a Unidos da Tijuca ficou em segundo lugar na disputa. A ousadia de seu
trabalho foi o que lhe garantiu maior projeção.
Ele chegou a
levar para a Sapucaí um carro alegórico de cabeça para baixo, literalmente. Fez
uma réplica do DNA humano usando corpos pintados. Para encantar público e
jurados, "arrancou" a cabeça de integrantes de uma comissão de frente
e fez outros foliões trocarem de roupas na avenida em passes de mágica. Ele
chegou, ainda, a levar uma pista de esqui para o Sambódromo.
A primeira
vitória no Grupo Especial aconteceu em 2010, também pela Unidos da Tijuca. Ele
garantiu outros dois títulos de campeã para a escola: em 2012 e em 2014.
Depois do
terceiro título da Unidos da Tijuca, o carnavalesco foi para a Mocidade
Independente de Padre Miguel, que ficou em sétimo lugar no carnaval de 2015.
Em seu primeiro
ano na Portela, Paulo Barros garantiu o terceiro lugar à escola, antes da
conquista do título de campeã à Azul e Branco em 2017.
Portela
busca novo carnavalesco
O presidente da
Portela, Luis Carlos Magalhães, elogiou muito Barros e disse que vai torcer por
ele. "É a regra do carnaval. Eu, particularmente, sinto muito (...) Tem
que ver o melhor caminho para ele. Já prestou um grande serviço."
Recuperado do
mal-estar que o fez ir para o hospital e perder o Desfile das Campeãs, ele
admitiu que a relação com a escola não era perfeita, mas que tanto a Portela
quanto o carnavalesco souberam ceder para um bom entendimento.
"É uma
pessoa que eu tinha uma certa dificuldade, não era o carnaval dos meus sonhos,
apesar de o considerar vitorioso. Mas houve uma adaptação perfeita. Hoje, o que
nos vemos é o Paulo que não é o Paulo Barros da [Unidos da] Tijuca, mas é o
Paulo Barros. E uma Portela que não é a de 70, mas é uma Portela. Mostra que
houve um entendimento muito bom e uma compreensão do que é a escola."
Antes mesmo da
decisão de Barros, o presidente já havia começado a pensar em um substituto.
Rosa Magalhães, hoje na São Clemente, e Renato Lage, que ainda não renovou com
o Salgueiro, são os mais cotados. Luis Carlos Magalhães, no entanto, não
descarta apostar em um jovem talento.