Com os ensaios técnicos na Sapucaí muitos moradores de rua ganhavam dinheiro vendendo bebidas no entorno do Sambódromo nas noites de ensaio. A renda obtida pelos trabalhadores servia para pagar hospedarias durante dois meses e dar mais dignidade para essas pessoas já tão sofridas.
Um desses personagens é Julio Cesar. Ele explicou ao site carnavalesco como o ensaio técnico lhe tirava das ruas em janeiro e fevereiro.
– No ensaio técnico eu fazia uma meta. Mediante o que eu precisava para me hospedar em algum lugar e sair da rua. Em média dava uns R$ 150 por semana em hospedarias. Além disso, o que viesse era lucro. Muita gente fazia também e conseguia sair da rua pelo menos em janeiro e fevereiro – conta.
Julio Cesar revela que, além dos ensaios técnicos, durante os dias de carnaval consegue arrecadar mais de R$ 200 por dia.
– Agora perde a cidade, o turista e morador de rua. Acho que essa pinimba entre a prefeitura e o carnaval vai nos prejudicar bastante. No carnaval se eu não tirasse R$ 200 por dia é porque eu não trabalhei direito – explica.
Segundo o morador de rua, a ausência dos ensaios técnicos deixa as ruas do Centro desertas e o dinheiro praticamente não circula no local nos fins de semana.
– No carnaval a gente que está na rua sempre arruma dinheiro. Uns botam carro, outros vendem água, outros vendem cerveja. No ensaio técnico era uma garantia de ter uma rendinha no bolso até o carnaval. Sem os ensaios o dinheiro não circula no Centro. Fica igual uma cidade fantasma. O entorno do Sambódromo sempre tem uma galera que vende mais barato que lá dentro.
VIA: CARNAVALESCO