Na quarta-feira de cinzas a Mocidade festejou um surpreendente vice-campeonato. A escola liderava a apuração até o último quesito, quando foi superada pela Portela. Entretanto, o orgulho deu lugar à revolta quando as justificativas foram divulgadas. O 9,9 dado por Valmir Aleixo, no quesito Enredo, foi justificada pela ausência de um destaque de chão. Ocorre que no livro abre-alas entregue ao jurado uma alteração não foi corrigida por erro da Liesa e a escola perdeu o campeonato justo nessa nota. A decisão foi recorrer na Liga e o que tantos independentes esperavam acabou acontecendo na última quarta-feira. A Mocidade, em reunião plenária, foi campeã do carnaval pela sexta vez em sua história.
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Nesses 21 anos que separaram a Mocidade de seu último caneco a escola passou por profundas transformações. A outrora bicho-papão perdeu sua figura mais importante, Castor de Andrade, em 1998. Ficou 14 anos fora do sábado das campeãs e flertou com o grupo de acesso mais de uma vez. A quadra mudou de lugar e aquele carnaval de incríveis duelos com a Imperatriz não existe mais. A única coisa que não mudou foi o orgulho de cada independente, extravasado nesta noite da vitória na quadra. É dessa forma que pensa o torcedor Caio Vieira.
– A sensação é estranha pois na quarta de cinzas comemoramos muito o nosso vice-campeonato, porque nosso desfile representou uma retomada. Ali já éramos campeões, mas nunca imaginaríamos o que o destino nos reservava. Somos campeões de fato do carnaval e merecemos comemorar até o ano que vem – brincou Caio.
Rodrigo Pacheco rechaça rivalidade com a Portela e avisa que enredo ‘tem a cara da escola’
Um dos personagens fundamentais para essa conquista da Mocidade atende pelo nome de Rodrigo Pacheco, vice-presidente. Desde que a família Andrade retomou o controle da escola, Pacheco comanda a gestão. À reportagem do CARNAVALESCO ele falou sobre o título, enalteceu a figura de Rogério Andrade e adiantou que o enredo para 2018 já está definido.
– Eu era um moleque quando a Mocidade ganhou pela última vez, sempre correndo no meio da bateria. Eu estava muito satisfeito com nosso vice-campeonato, mas sempre fica aquele gostinho do que poderia ter faltado. E na verdade não faltou nada, somos campeões de fato e de direito. A Portela tem todo o direito de buscar o seu direito. Eu respeito muito cada portelense. O Rogério Andrade nunca esteve afastado da Mocidade. Sua família tem uma relação muito forte com a escola. Nosso enredo está definido e em 2018 passaremos na avenida com um tema que tem o nosso DNA – definiu.
O carnavalesco Alexandre Louzada era um dos mais contentes na quadra da Mocidade. O artista alcançou uma importante marca pessoal. Conquistou seu sexto título no Sambódromo e igualou a marca de Rosa Magalhães, que tem sete campeonatos, mas o primeiro veio quando ainda não existia o Sambódromo.
– Eu acho bacana alcançar esses números, mas deixo isso mais para vocês que adoram. Eu estou muito satisfeito com o desfecho de todo esse imbroglio pois consegui demonstrar na avenida que o Marrocos dá muito carnaval – resumiu.
O interprete Wander Pires passou oito carnavais afastado da Mocidade. E foi na voz dele o último campeonato da escola. Pé quente, Wander comemora o segundo título no Rio.
– Eu acho que é coisa de Deus sabia? Ele quis que fosse na minha voz essa conquista que não vinha há tantos anos. Cantar na Mocidade é muito especial para mim, eu nunca escondi. Passei por outras grandes escolas mas é aqui que sou campeão. Estava muito ansioso esses dias aguardando essa definição – afirmou.
‘A Portela não tem nada com isso, meu negócio é com a Liesa’, dispara Tia Nilda
Com os ânimos acirrados nos últimos dias entre portelenses e independentes nas redes sociais, a baluarte da Mocidade Tia Nilda pediu respeito com a Portela e Tia Surica. A baiana disse que está brava com a Liesa.
– Vamos respeitar a Portela, uma escola fundamental na construção da história do samba e do carnaval. A Surica é minha amiga, e nós duas somos campeãs. Meu negócio é com a Liesa – definiu Tia Nilda.
Quando a Mocidade iniciava o seu desfile a arquibancada delirava. A imagem do Carnaval 2017 foi o Aladdin sobrevoando a Sapucaí. A comissão de frente arrebatou diversos prêmios e um dos coreógrafos, Jorge Teixeira, revela à reportagem do CARNAVALESCO que sua ficha ainda não caiu.
– Confesso que às vezes custo a acreditar no que realizamos na avenida. Foi muito complicado para ensaiar com aquela peça, pois se desse algo errado prejudicaria muito a escola. Mas foi um trabalho tecnicamente perfeito no chão e no céu – finalizou.
VIA: CARNAVALESCO